Desde cedo, somos levados a acreditar que controlar nossa vida é a chave para o sucesso e a felicidade. No entanto, a psicanálise nos ensina que essa necessidade de controle pode ser, na verdade, uma defesa contra a angústia e a incerteza.

Sigmund Freud já apontava que a busca excessiva por previsibilidade muitas vezes esconde um medo profundo do desconhecido. Para ele, o ego tenta organizar o caos da psique, mas nunca terá total domínio sobre o inconsciente, que sempre encontra uma maneira de se expressar.

Carl Jung reforçou essa ideia ao dizer: "Aquele que olha para fora sonha; aquele que olha para dentro desperta". Ou seja, quando tentamos controlar tudo ao nosso redor, estamos, muitas vezes, fugindo do que realmente precisa ser compreendido dentro de nós.

Pessoas que têm uma necessidade extrema de controle geralmente enfrentam altos níveis de ansiedade. Isso porque o mundo externo é imprevisível – e a tentativa de manter tudo sob controle inevitavelmente leva à frustração. Relações interpessoais, planos de carreira, saúde… nada está completamente em nossas mãos.

Então, qual seria a alternativa? Em vez de resistir ao inevitável, a psicanálise propõe o desenvolvimento da tolerância à incerteza. Aceitar que nem tudo pode ser controlado não significa abrir mão da responsabilidade, mas sim encontrar um equilíbrio entre ação e entrega.

Como disse Freud, "a felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz". Talvez a verdadeira liberdade esteja justamente em abandonar a ilusão do controle e aprender a lidar com o inesperado de forma mais leve e consciente.